A BBC enfrenta uma crise sem precedentes enquanto a polícia antiterrorismo do Reino Unido avalia a abertura de uma investigação criminal sobre um possível elo terrorista ligado ao documentário “Gaza: How to Survive a War Zone”. A controvérsia explodiu após a revelação, em 27 de fevereiro de 2025, de que a emissora pagou a família de um oficial sênior do Hamas, grupo classificado como organização terrorista pelo governo britânico, para produzir o filme. A pressão pública e política cresce, com muitos afirmando que a BBC “brincou com fogo e agora vai sentir as consequências”, sugerindo que o fim de sua credibilidade pode estar próximo.
O documentário, removido do BBC iPlayer na semana passada, foi centrado na narrativa de Abdullah Al-Yazouri, um menino de 14 anos cujo pai, Ayman Al-Yazouri, é vice-ministro da agricultura do governo dirigido pelo Hamas em Gaza. A BBC admitiu que a produtora independente Hoyo Films, responsável pela obra, realizou pagamentos à mãe do garoto via conta bancária de sua irmã, mas insiste que foi assegurada de que nenhum dinheiro chegou ao Hamas ou seus afiliados. No entanto, a Scotland Yard confirmou que sua Unidade de Contraterrorismo está “avaliando se alguma ação policial é necessária”, após múltiplas denúncias de que dinheiro dos contribuintes pode ter financiado indiretamente uma organização proscrita sob a Lei de Terrorismo de 2000.
A reação foi imediata e feroz. Manifestantes tomaram as ruas em frente à sede da BBC em Londres, brandindo cartazes que acusam a emissora de ser “porta-voz de terroristas”. Figuras como o ex-revisor independente de legislação antiterrorismo do Reino Unido, Lorde Carlile, criticaram a “devida diligência completamente inadequada” da BBC, chamando-a de “falha gritante”. Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores de Israel, Sharren Haskel, exigiu uma investigação urgente da Polícia Metropolitana, afirmando que “o dinheiro dos contribuintes britânicos pode ter ido para o Hamas, uma organização terrorista monstruosa”. A secretária de Cultura, Lisa Nandy, anunciou uma reunião de emergência com o presidente da BBC para discutir o caso, prometendo que “nenhuma pedra ficará sem ser revirada”.
O escândalo não se limita ao financiamento. Tweets descobertos do cinegrafista Hatem Rawagh, que parece celebrar o massacre de 7 de outubro, e traduções incorretas no documentário — como substituir “jihad contra os judeus” por “luta contra forças israelenses” — intensificaram as acusações de propaganda. Com a confiança pública abalada e a possibilidade de ações legais iminente, o futuro da BBC como bastião do jornalismo imparcial está em xeque, enquanto críticos clamam que a emissora colherá as duras consequências de suas escolhas.