Pela primeira vez na história, a dívida bruta do Brasil rompeu a barreira dos R$ 9 trilhões, alcançando R$ 9,032 trilhões em outubro de 2024, conforme dados divulgados pelo Banco Central no fim de novembro. Esse marco histórico, que representa 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB), expõe uma realidade preocupante: o crescimento acelerado do endividamento público e a falta de controle fiscal ameaçam a estabilidade econômica do país. O aumento de 1,16% em relação a setembro e de 14,13% frente a outubro de 2023 reflete uma trajetória que coloca em xeque a capacidade do governo de honrar compromissos sem sacrificar ainda mais o contribuinte.
A escalada da dívida não é um fenômeno isolado. Desde o início do atual governo, em janeiro de 2023, o estoque cresceu impressionantes R$ 1,8 trilhão, com R$ 952,6 bilhões acumulados apenas em 2024. Esse salto é impulsionado por fatores como os altos gastos com juros, que saltaram 80,3% em outubro, atingindo R$ 111,6 bilhões, e a manutenção da taxa Selic em níveis elevados. Enquanto o governo central registrou um superávit primário de R$ 39,1 bilhões no mês, o déficit nominal, que inclui os juros, foi de R$ 74,1 bilhões. No acumulado de 12 meses, os custos com juros chegaram a R$ 869,3 bilhões, evidenciando como a gestão financeira atual penaliza a economia real.
O impacto vai além dos números. A dívida bruta, que engloba governo federal, INSS e administrações estaduais e municipais, reflete escolhas políticas que priorizam gastos desenfreados em detrimento de reformas estruturais. A relação dívida/PIB, agora no maior patamar desde outubro de 2021, sinaliza um risco crescente para investidores e cidadãos. Sem medidas firmes para conter o avanço do endividamento, como corte de despesas e aumento da eficiência na arrecadação, o Brasil pode enfrentar um futuro de juros mais altos, inflação persistente e menos recursos para áreas essenciais como saúde e segurança.