Londres, uma das maiores metrópoles do mundo, enfrenta crescentas acusações de negligência em relação a um problema grave: a possível presença de gangues de exploração infantil, conhecidas como “grooming gangs”. O prefeito da cidade, Sadiq Khan, de origem paquistanesa, está no centro de uma controvérsia após rejeitar repetidos pedidos para iniciar uma investigação oficial sobre o tema. Em uma sessão recente na Assembleia de Londres, Khan foi questionado nove vezes pela conservadora Susan Hall sobre a existência dessas gangues na capital. Sua resposta? Um silêncio ensurdecedor disfarçado de confusão, pedindo insistentemente que a pergunta fosse “definida” — uma tática que muitos interpretam como uma tentativa deliberada de evitar o assunto.
A pressão por uma investigação ganhou força após os escândalos de cidades como Rotherham e Bradford, onde gangues organizadas exploraram sexualmente meninas vulneráveis por anos, muitas vezes com a conivência ou negligência das autoridades. Em 25 de fevereiro de 2025, uma proposta dos conservadores para destinar £4,49 milhões a uma investigação independente sobre exploração infantil em Londres foi votada e rejeitada por 16 a 9 na Assembleia, com o bloco de Khan — formado por membros do Partido Trabalhista, Verdes e Liberais Democratas — barrando a iniciativa. Para os apoiadores da medida, a recusa do prefeito levanta suspeitas de que ele prefere proteger interesses políticos a enfrentar uma realidade incômoda.
A questão vai além da política partidária. Relatos apontam que Londres, com sua vasta população multicultural, não está imune ao tipo de crime visto em outras regiões do Reino Unido. Em 2018, estatísticas já indicavam um aumento de 30% em crimes sexuais contra crianças na cidade, incluindo casos ligados a gangues. Apesar disso, Khan insiste em desviar o foco, mencionando problemas como o tráfico de drogas “county lines” em vez de abordar diretamente as acusações de gangues de exploração sexual. Para muitos britânicos, essa relutância é um sinal preocupante de que as vítimas — frequentemente meninas de comunidades vulneráveis — estão sendo deixadas à própria sorte.
A postura do prefeito contrasta com a urgência sentida nas ruas. Protestos e vozes no X clamam por transparência, enquanto figuras conservadoras acusam Khan de priorizar sua imagem em vez da segurança pública. A recusa em investigar, somada à sua esquiva diante de perguntas diretas, alimenta teorias de que ele teme as implicações de expor um problema que pode ter raízes culturais ou comunitárias delicadas. Enquanto isso, o governo central anunciou £10 milhões para revisões locais em cinco áreas do país afetadas por gangues, mas Londres, a maior cidade do Reino Unido, permanece fora desse esforço — uma omissão que só aumenta a desconfiança.
O impasse deixa uma questão no ar: se não há nada a esconder, por que o silêncio? Para os cidadãos londrinos, a falta de respostas concretas de Sadiq Khan é mais do que uma falha administrativa — é uma traição àqueles que mais precisam de proteção.