Bucareste foi palco de um dia intenso nesta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025. Călin Georgescu, o candidato que venceu o primeiro turno das eleições presidenciais de 2024 — anuladas pelo Tribunal Constitucional —, foi detido pela polícia romena no início do dia, apenas para ser libertado horas depois sob controle judicial. A soltura, no entanto, veio com amarras: Georgescu está proibido de se pronunciar nas redes sociais e de aparecer em qualquer meio de comunicação de massa, uma medida que muitos veem como um ataque direto à liberdade de expressão.
A detenção ocorreu em um controle de tráfego enquanto ele se dirigia para registrar sua candidatura às novas eleições marcadas para maio. O motivo? Uma investigação criminal que o acusa de incitar ações contra a ordem constitucional, promover grupos fascistas e espalhar informações falsas. Rapidamente, centenas de apoiadores se reuniram em frente ao Ministério Público, exigindo sua libertação. A multidão, que cresceu significativamente ao longo do dia, agitava bandeiras romenas e gritava palavras de ordem como “Liberdade para Georgescu!” e “Presidente do povo!”. A pressão popular parece ter surtido efeito, mas as restrições impostas sugerem que o establishment quer mantê-lo calado.
Georgescu, que construiu sua popularidade com uma campanha viral no TikTok e discursos nacionalistas, tornou-se um símbolo de resistência para muitos romenos. Eles enxergam nele uma alternativa à elite política tradicional, acusada de ignorar os anseios da população. A anulação das eleições de dezembro, sob alegações de interferência russa, já havia incendiado o debate público. Agora, sua breve detenção e as limitações à sua voz só aumentam a percepção de que o sistema está disposto a tudo para barrar sua ascensão.
O clima nas ruas reflete a frustração de um povo que sente sua vontade sendo sufocada. Dois partidos populistas se juntaram aos protestos, convocando mais apoiadores e prometendo não recuar. Enquanto isso, as autoridades mantêm o discurso de que as medidas são necessárias para proteger a ordem democrática. A tensão está longe de dissipar: com as eleições de maio no horizonte, o destino de Georgescu — e da Romênia — permanece incerto, mas seus seguidores deixam claro que não aceitarão calados o que chamam de injustiça.