O Governo de Mato Grosso do Sul deu início a uma reformulação na Polícia Civil com a criação de um Grupo de Trabalho (GT) pela Delegacia-Geral da Polícia Civil (DGPC/MS). O objetivo é analisar cerca de 6 mil boletins de ocorrência registrados na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande que permanecem sem instauração de procedimentos ou com pendências. A iniciativa surge após reuniões e ações voltadas a aprimorar a estrutura, integrar os Poderes e elevar a qualidade do atendimento às mulheres vítimas de violência.
O GT, sediado na Academia de Polícia Civil (Acadepol/MS), em Campo Grande, focará em casos represados, como aqueles em que vítimas ou suspeitos não foram localizados, além de situações marcadas por desistência de representação ou falta de provas para dar continuidade às investigações. A medida busca trazer mais agilidade e eficiência na apuração de crimes contra mulheres, com ênfase no combate à violência doméstica e familiar.
Lupérsio Degerone Lúcio, delegado-geral da Polícia Civil, enfatizou o peso da ação. Segundo ele, o grupo reflete o compromisso da instituição em oferecer um atendimento mais qualificado, rápido e sensível às demandas das vítimas. A criação do GT é vista como um passo para otimizar processos e garantir um serviço de excelência.
A Deam de Campo Grande, instalada na Casa da Mulher Brasileira — a primeira do gênero no Brasil, inaugurada há 10 anos —, já contabilizou quase 80 mil boletins de ocorrência. Nesse período, praticamente todos os autores de feminicídios na capital foram identificados, indiciados e presos, com exceção de um que segue foragido.
O mutirão será liderado pelo delegado-geral adjunto, Márcio Custódio, e pela delegada Maria de Lourdes Cano. Eles coordenarão a análise dos boletins, a reavaliação de casos, a identificação de procedimentos prescritos ou decadentes e a proposição de melhorias nos fluxos de trabalho. O grupo também poderá solicitar apoio técnico e logístico à DGPC, culminando na entrega de um relatório final com sugestões.
A equipe técnica inclui os delegados Wellington de Oliveira, Marcelo Alonso, João Reis Belo e Juliano Cortez Penteado, os escrivães Steven Souza e William Eduardo Rocha, a investigadora Priscila Rodrigues e outros 13 delegados designados. O prazo inicial para conclusão dos trabalhos é de 90 dias, com possibilidade de prorrogação.
A portaria que institui o GT foi publicada no Diário Oficial do Estado em 20 de fevereiro de 2025, marcando o início formal dessa reformulação na Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.